Artistas e pessoas criativas têm mais chances de desenvolver doenças como a esquizofrenia

“Não existe gênio sem uma pitada de loucura”. A frase, associada a Aristóteles, pode agora ter comprovação científica. É que um estudo divulgado recentemente indica que há uma ligação genética entre doenças psiquiátricas, como a esquizofrenia ou transtorno bipolar, e a criatividade.
Questões como o grau de influência que o ambiente, a educação e o convívio com outros artistas têm sobre a criatividade do homem buscaram ser respondidas pelo estudo, que foi publicado pela revista Nature Neuroscience.
Para chegar aos resultados, os cientistas estudaram o genoma de 86 mil pessoas e observaram pequenas variações no DNA de alguns participantes. De acordo com os estudiosos, algumas dessas variantes podem duplicar o risco do desenvolvimento de doenças psiquiátricas, entre elas a esquizofrenia e a bipolaridade.
Após a descoberta, eles analisaram ainda o genoma de mais mil pessoas ligadas às artes, como bailarinos, atores, músicos e escritores. Esse grupo de profissionais apresentou 17% mais chances de desenvolver as doenças. Quando analisados mais 8.000 suecos e 18.452 holandeses, a porcentagem dos participantes apresentar algum gene de risco aumentou para 25%.
Segundo os cientistas, a criatividade mais aguçada é causada por variações genéticas, as mesmas responsáveis pelo aumento dos ricos das doenças citadas. Em nada tem a ver com o coeficiente intelectual, nível de escolaridade ou histórico familiar de doenças psiquiátricas.
“Os resultados não deveriam nos surpreender porque para ser criativo é preciso pensar de forma diferente, e a nossa equipe já demonstrou, em um estudo anterior, que pessoas com predisposição a sofrer de esquizofrenia pensam assim”, explicou Kari Stefansson, co-autor do trabalho.
Indicação interessante sobre a vida e obra de célebres artistas que sofriam com a própria genialidade, caso de Beethoven, Virginia Woolf e Van Gogh.