No blog, já exploramos os tipos de relacionamento abusivo, quais são os sinais, além de também das quatro etapas do ciclo do abuso. Estima-se que 3 em cada 5 mulheres brasileiras já tenham vivenciado ou estão vivendo essa experiência, sendo que o ciclo passa por quatro etapas:
- Tensão: após um período feliz, começa a tensão, geralmente com uma “pergunta inocente” que incomoda ou com alguma coisa sem importância sendo a razão suficiente para colocar um clima ruim no ambiente. Frases comuns são “eu só estou perguntando….”, “ficou incomodada por quê?!”, “por que fez isso sem me avisar?!”;
- Incidente / Afastamento: são as brigas, xingamentos, tentativa de rebaixar o outro, intimidação, ameaças e culpabilização. Em casos graves, há agressões físicas e, mesmo o abusador agredindo e sendo o responsável pelas brigas, ele faz a vítima se sentir culpada. Frases comuns após esses momentos são: “não dá mais!”, “agora separo definitivamente”, “não quero vê-lo nunca mais”, “cheguei ao meu limite!”, “depois dessa não tem mais volta”;
- Reconciliação: Após um período afastados, a dor do vazio emocional começa a afetar a vítima e o abusador e ambos retomam algum tipo de contato até se reconciliarem. O abusador se demonstra arrependido de seus comportamentos e diz coisas como “nunca mais vou me comportar desse jeito”, “por amor a você, vou procurar melhorar”, “nós temos só nós dois”, “as pessoas não entendem a gente” etc. A vítima também diz que vai procurar “relevar mais” e começa a fazer esforços cada vez maiores para evitar brigas;
- Calmaria: conhecido também como “lua-de-mel” dos relacionamentos abusivos, as pessoas vivem um curto período aparentemente feliz, depois volta para o ponto um e o ciclo se repete.
Cada vez que o ciclo retorna, a vítima vai ficando mais frágil emocionalmente e mais passiva diante das situações. Além disso, é comum que o abusador afaste a vítima de amigos e familiares para ele ter mais domínio sobre a pessoa, além de que o próprio ciclo do abuso faz as pessoas se afastarem por não saberem como agir diante daquele casal.
No entanto, mesmo com a consciência de que o relacionamento é tóxico e que causa muitos prejuízos emocionais e psíquicos tanto para quem é abusado quanto para as pessoas mais próximas, como a família ou filhos, a vítima não consegue largar do seu cônjuge. Isso acontece por uma série de razões:
- Dependência emocional: a vítima fica tão presa dentro da relação que ela sente que não pode fazer nada sozinha. Nos momentos de afastamento do ciclo do abuso, a dor do vazio é tão grande que ela sente que o relacionamento tóxico é melhor que a solidão. ;
- Culpa: mesmo sabendo racionalmente que ela não tem culpa do que acontece, é comum que ela se sinta responsável pelos erros do abusador. Como se ela “desse razões” para que o abusador tenha as atitudes abusivas;
- Autoestima baixa: diretamente relacionado aos outros dois pontos, a pessoa se sente inútil e crê que não tem outra solução para o caso;
- “Bons momentos”: como dito no ponto 4 do ciclo do abuso, a vítima fica apegada aos bons momentos, mesmo que sejam minoria;
Nesses momentos, é imprescindível que a pessoa busque um psicológo, em especial os especializados em relações abusivas, para que ela consiga fortalecer o lado emocional para conseguir sair desse sistema.
No entanto, algumas medidas podem te ajudar a sair dessa situação, como não se isolar só com a pessoa abusiva e conversar com amigos e familiares; pedir ajuda de pessoas de sua confiança; se informar sobre o tema lendo livros e vendo vídeos; começar a criar condições para ter seu próprio dinheiro e uma reserva no banco para ter uma independência financeira; diminuir a romantização do relacionamento; na separação ter contato zero; mudar de rotina e procurar focar a atenção exclusivamente em você são alguns passos para sair do ciclo.