Um estudo publicado originalmente no jornal JAMA Network Open e depois replicado pela CNN internacional, mostra que pessoas adultas que têm pessoas para ouvi-lo, ficam com o cérebro mais saudável e protegido no longo prazo.
A nova pesquisa endossa estudos anteriores que concluíram que a função cognitiva, ou seja, a capacidade mental da pessoa de aprender, pensar, raciocinar, resolver problemas, tomar decisões, lembrar e prestar atenção, são melhores em pessoas que mais sociáveis. Segundo os experts, essa habilidade é chamada de “resiliência cognitiva”
“Quando vemos que uma pessoa que tem um apoio social parece que a saúde em geral é melhorada, seja a física ou mental”, disse o líder do estudo, o Dr.Joel Salinas da área de neurologia da New York University Grossman School of Medicine.
“É importante saber como especialmente o apoio social pode melhorar nossa saúde, porque ela ajuda a nos informar em intervenções mais específicas”, continua.
Para a pesquisa, foram analisados dados de 2.171 adultos de 45 anos para cima que não tinham sinais de demência ou alguma doença mental. Os participantes precisavam responder a cinco perguntas:
- Você pode contar com alguém para te escutar quando você precisa falar?
- Existe alguém para te dar um bom conselho sobre um problema?
- Há alguém disponível que demonstra amor e afeição?
- Você pode contar com todo mundo para te dar suporte emocional?
- Você tem muito contato com alguém próximo, alguém que dá para confiar e ser confidente?
Os participantes por volta dos cinquenta anos que tinham poucas pessoas para escutá-los tinham uma idade cognitiva no cérebro cerca de quatro anos mais avançada do que adultos que tinham pessoas com quem pudesse contar.
“A literatura sugeriu por décadas que a socialização é uma medida de proteção importante e um fator de melhora da memória e da cognição”, disse o Dr. Glen R. Finney, da American Academy of Neurology.
Ter alguém para te escutar ajuda a fortalecer partes do seu cérebro e contribuem para manter a função cognitiva e minimizar danos cerebrais oriundos do avançar da idade. Ouvir o outro está diretamente relacionado a nossa capacidade de empatia, e mostra-se, cada vez mais, que a prática da escuta saudável pode trazer benefícios tanto para quem escuta quanto para quem fala. Além disso, quando nós somos aqueles que ouvem o outro, contribuímos para a sensação descrédito de quem está falando, e abrimos uma oportunidade de fortalecermos vínculos afetivos.
Vale ressaltar que escutar o outro não é só “ouvir” as palavras de alguém, mas é absorver, entender, validar (mesmo que não concorde), procurar uma solução para o problema apresentado etc.