Segundo a psicóloga Daniela Faertes, criadora do setor de amor patológico da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, o amor deixa de ser saudável e passa a ser tóxico quando causa prejuízos para outras áreas da vida, tanto da própria pessoa apaixonada, quanto do objeto de paixão.
“Um comportamento obsessivo é tudo aquilo que leva a pessoa a ficar pensando exageradamente sobre algo, quando sua vida gira em tono disso, como um vício. É uma questão que toma a mente de forma que outras coisas que eram importantes antes se tornam coadjuvantes” – disse, em entrevista ao Universa.
Segundo a psicoterapeuta Eglacy Sophia, o amor passa a ser patológico quando há um interesse excessivo em controlar a vida do outro, não tendo limites e com um medo grande da perda. Há um jogo de poder e muito ciúme.
Entre os principais sinais de que a relação é doentia estão:
- Necessidade de controle das atividades e do pensamento do parceiro. O outro se torna o centro de tudo, quer estar junto o tempo todo, saber cada passo do outro e controlar sua vida, como amizades, trabalho e participação em redes sociais.
- Insatisfação e insegurança com o relacionamento. Medo de abandono, excesso de possessão, ciúme e pode chegar a paranoia.
- Intensa dedicação ao relacionamento. O outro se torna mais importante que qualquer coisa, filhos, família, trabalho, dinheiro, amigos, tudo.
- Idealização do outro e do relacionamento. É comum ideias como “fomos feitos um para o outro”; “nossa conexão é total”; “eu adivinho seus pensamentos e ele adivinha os meus”; “se eu não ficar com ele, nunca mais conseguirei ser feliz na minha vida.”
- Sintomas físicos, como taquicardia, dores musculares e insônia, quando está longe ou brigada com o parceiro.
- Aparecimento de problemas emocionais como depressão e ansiedade e, nos casos mais graves, pode chegar a pensamentos suicidas e/ou homicidas ou até tentativas nesse sentido quando sentem que vão perder a pessoa amada. É comum sentir muita raiva, tanto do parceiro quanto de si mesma.
- Abandono de seus próprios interesses e das atividades normais do dia a dia. Falta de foco e de interesse por tudo que não envolve o parceiro.
- Autoestima extremamente baixa, sensação de falta de identidade e vazio constante.
O tratamento para pessoas que estão “doentes de amor” é semelhante ao de viciados em álcool e outras drogas, muitas vezes unindo a psicologia com a psiquiatria e também grupos anônimos de pessoas que vivem relações abusivas.