psicologia

Segurar o choro: como a repressão emocional afeta a saúde mental

Especialistas do CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” – destacam a importância de expressar emoções e os riscos associados à repressão do choro. Apesar de ser uma forma universal de expressar uma ampla gama de sentimentos, desde tristeza até alegria extrema, muitas pessoas ainda sentem a pressão social para não chorar, o que pode levar a sérios problemas de saúde mental.

Desde a infância, frases como “engole o choro” são comuns e podem inculcar a ideia de que expressar emoções é inaceitável, um sinal de fraqueza ou motivo de vergonha. De acordo com a psicossomática, ciência que estuda os efeitos psicológicos nos processos orgânicos do corpo, reprimir o choro pode ter consequências negativas tanto para o corpo quanto para a mente.

“A saúde é um estado de equilíbrio entre o corpo e a mente. Quando as emoções são reprimidas e o choro é evitado, o corpo reage negativamente porque algo está em desarmonia”, explica Vania Bastos, psicóloga da UBS Jardim Herculano, gerenciada pelo CEJAM em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

Reprimir emoções pode levar a esgotamento afetivo, instabilidade do humor, estresse acumulado, alteração da pressão arterial, problemas digestivos e, em casos mais graves, a potencialização de distúrbios mentais como ansiedade, estresse e depressão. A somatização dessas emoções varia de pessoa para pessoa e pode se manifestar a curto ou longo prazo, dependendo das circunstâncias individuais.

Os homens são particularmente afetados pela repressão emocional devido à pressão social para que sejam fortes e controlados emocionalmente. “Uma boa estratégia é buscar compreender limites emocionais e se permitir romper padrões de comportamento obsoletos. Se deu vontade de chorar, é preciso vivenciar esse momento de forma genuína”, enfatiza Vania Bastos.

O autoconhecimento é fundamental para desconstruir a visão negativa sobre chorar. Práticas como meditação, sessões de terapia, atividades físicas e ao ar livre podem ajudar a equilibrar corpo e mente, promovendo uma boa saúde mental.

Linha de cuidados de saúde mental

Pessoas que têm dificuldade em expressar sentimentos podem buscar ajuda gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Algumas unidades de saúde gerenciadas pelo CEJAM oferecem uma Linha de Cuidado dedicada exclusivamente à saúde mental, desenvolvendo estratégias para otimizar o acompanhamento da população. A equipe multidisciplinar inclui médicos, enfermeiros, psicólogos, educadores físicos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, farmacêuticos e nutricionistas, que trabalham juntos para atender cada caso individualmente.

“O choro é um dos mecanismos de equilíbrio para liberar excessos emocionais causados por situações conflituosas. O cuidado em saúde mental busca facilitar o uso e desenvolvimento de recursos pessoais, essenciais na dinâmica emocional”, explica Maria Carolina de Raphael Nogueira, gerente do CAPS AD III Jardim Ângela, serviço de saúde mental do SUS em São Paulo.

Além disso, as Práticas Integrativas Complementares (PICs) como auriculoterapia, caminhada, alongamento, trabalho com horta, culinária, aromaterapia, dança circular, meditação/mindfulness, musicoterapia, reflexoterapia, reiki, shantala, yoga e tai chi pai lin também são utilizadas para cuidar da saúde mental.

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